quinta-feira, 14 de abril de 2011

Na velha cidade.


Quando chegou nas ruas antigamente asfaltadas teve a impressão de estar sendo observado. Era estranho sentir que alguma coisa o seguia. Fazia muito tempo que não se encontrava com outras pessoas e cada dia que passava parecia mais distante o interesse dos Skings por aquela região. Então não tinha motivos para se preocupar, poderia ser algum gato ou cachorro biogenético que estava atrás de alimento, escasso demais naquela região. Continuou descendo pelas ladeiras inclinadas sem se importar com a sensação estranha. Parecia que alguma coisa o induzia ao contato, não sabia definir o que estava sentindo, mas uma coisa era certa, nunca sentira uma sensação tão forte.
             No vale dos prédios, como costumava chamar a região, a topografia voltava ao normal e a ladeira imensa que percorria terminava numa larga via ainda conservada pelo tempo com suas placas de asfalto ainda preservadas. Contavam os mais antigos, que a região era próspera até todos abandonarem o local por determinação da Internacional. Eles diziam que as fortes tempestades acabaram com a possibilidade de qualquer tentativa de permanecer ali durante os anos de caos. Segundo a história, os prédios tiveram seus quatro primeiros andares inundados durante anos pelo Eroto que consumia as estruturas de concreto e causou o desabamento de quase todos. O cenário era fascinante. O vale se estendia até o que parecia um centro de prédios, uma concentração de construções que incrivelmente permaneciam de pé, pelo caminho muitas das estruturas dos prédios se esparramavam pelo resto de asfalto e afundaram parte do canal subterrâneo usado por Atker como refugio dos raios solares.
             Continuava andando e sentindo que era observado, por isto, procurou andar mais rápido em direção a entrada do canal subterrâneo. No encontro de duas grandes vias, no vale, ficava a entrada mais segura para os canais. Depois de ficar por horas exposto, Atker resolveu que era preciso descansar um pouco da exposição ao sol.
             Os Skings, como eram chamados os grupos de prospecção da Internacional, tinham o hábito de prender qualquer tipo de vida que se movimentasse. Eram implacáveis, não adiantava você tentar fugir pois eles utilizavam um sistema de rastreamento por satélites, que localizava os seres vivos através de ondas de calor. A Internacional, organização mundial para a preservação do comercio, dominava quase todos os pontos chave ainda habitados da terra. Diziam que com o superaquecimento e as chuvas, dos primeiros anos de caos, tudo ficou tumultuado. As grandes organizações mundiais e os grandes grupos econômicos foram pegos de surpresa com as primeiras grandes tragédias e não haviam se preparado acreditando que todas as previsões feitas por cientistas e insistentemente divulgadas eram previsões alarmistas. A Internacional não. Braço forte da Máfia Russa, a mais temida e odiada da terra, defendia a luta armada e a conquista de todos os pontos habitados do planeta. A água era o seu bem mais precioso e objeto de domínio e riqueza.

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