quarta-feira, 13 de abril de 2011

SOL DO ENTARDECER

                No alto das colinas, na serra da Mantiqueira, o cenário da natureza imperava absoluto. O olhar perdido no horizonte vermelho indicava a concentração total nos devaneios da mente. Longe era o tempo e a história que o percorria, não a busca espiritual, apenas o elo frágil da vida. Olhar para o céu era viver. Receber os raios de sol na face, por puro prazer de estar vivo.
                Provavelmente teria muitas queimaduras na face pela extravagância na serra, mas isto não importava. Gostava mesmo era de descer até a cidade olhando lá do alto as construções sobre as montanhas. Como os homens se vestiam nestas casas? Como andariam eles pelas ruas desta cidade? Qualquer que fosse a resposta, demonstra ter sido muito forte o sentimento de comunidade, senão como seria possível tamanha organização das construções? Do alto se avistava toda a região do vale, os prédios que ainda estavam inteiros refletiam ofuscantemente a luz do sol. Esta batia na fachada de alguns edifícios nobres, que ainda mantinham seu revestimento original de cerâmica e derramava sua luz intensa por quase toda a cidade. Alguns grupos do interior, também costumavam queimar barro e argila nos fornos, para criar peças de cerâmica. Era incrível que depois de tudo, ainda tinha gente insistindo em destruir o que restou da atmosfera queimando combustíveis fósseis. Naquela tarde a vontade era sentar em um cantinho aconchegante e ouvir música vibrante.
                Alguns pontos da cidade eram mais energizados do que os outros. Se fosse preciso buscar ajuda ou algo parecido era melhor estar em pontos mais energéticos. A música, a que se referia, era música quântica. As pessoas começavam a ouvir estas músicas e se desligavam do mundo, passando a vibrar em sintonia com o universo. Era tamanho o bem estar que sentiam, que era preciso alguém acompanhar a seção para não plugar definitivamente nas vibrações. Um amigo seu havia plugado e não se recuperou mais. Passou a se comportar como um deficiente e seu organismo foi definhando e se enfraquecendo. As bactérias atacaram e ele morreu em poucos meses.
          Mas este não era o seu caso, sabia muito bem a hora de parar. O meio usado para se ouvir a música, representava mais uma ameaça a integridade dos homens. Pastilhas de césio inteligentes forneciam eletricidade suficiente para o funcionamento constante dos aparelhos por até 50 anos. Os modelos de cd disck ainda reproduziam com perfeição os sons gravados em outros planetas já explorados. Uma vez, segundo sua avó Sarah, os exploradores descobriram a música quântica emanando de pedras de silício em cavernas de Marte. Segundo a história, todos da expedição entraram em vibração galáctica, se não fosse a cadela que acompanhava a expedição, eles teriam morrido por inanição dentro da gruta marciana. Contam que o animal, por ser imune às vibrações, latiu muito, cortando a freqüência com seus latidos. Ela cortou a freqüência e conseguiu despertar parte da expedição que conseguiu sair do local. A força destas vibrações eram tão fortes, que alguns hiper sensíveis se conectaram e não foi possível despertá-los. Os cães eram usados intensamente nas expedições espaciais, sua capacidade de sentir situações adversas salvara muitos exploradores daqueles tempos. As novas descobertas, muitas em um curto espaço de tempo, permitiam que os homens explorassem planetas distantes, impossíveis de serem alcançados através dos meios de transporte físicos convencionais.

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