sexta-feira, 15 de abril de 2011

Subterrâneo sinistro


Logo na entrada dos canais, Atker parou e tentou perceber se realmente estava sendo seguido. Não percebeu nenhuma movimentação estranha e desceu por um grande buraco quebrado no concreto e asfalto da rua. Aqueles canais pareciam mais um grande labirinto. A água que provavelmente corria por aquelas galerias antigamente, não passavam mais por ali a muitos anos. Para Atker não era problema caminhar horas embaixo da terra pelas vias do canal. Conhecia muito bem toda a malha de escoamento e até gostava de caminhar pelos canais. Era o local em que se sentia mais seguro. Mas aquela estranha sensação continuava a intriga-lo.
             A galeria estava escura e tinha uma temperatura agradável. Sabia muito bem como era gostoso se abrigar do sol naquelas galerias subterrâneas. Tinha aprendido com sua avó a se refugiar naquele local desde que era criança e muitas vezes se alimentou junto com a família e companheiros naqueles canais.
             Dentro da galeria o silêncio era imponente. Todo barulho, por menor que fosse, tinha uma reverberação muito forte. O eco era impressionante, por isto mesmo Atker se apressou alguns passos e se deteve um pouco para ouvir se alguma coisa o seguia. Ficou parado imóvel próximo a junção de dois canais, assim seria mais fácil fugir caso algo estranho acontecesse. Do local aonde estava, era possível ver a entrada do canal com seus entulhos e pedaços de asfalto quedrados. A luz do sol invadia parte da galeria traçando uma linha fina de contraste entre o escuro e o claro. Após ficar ali por alguns minutos, Atker resolver continuar seguindo pelos canais até um local seguro.
             Naqueles dias a sobrevivência dependia do conhecimento e da experiência de cada um. Todos os seus amigos já haviam se mudado junto com suas famílias para locais seguros, ou grutas afastadas. Alguns mais temerosos se apresentaram às tropas governamentais na esperança de serem poupados, contudo se soube mais tarde, que vários haviam sido capturados pelos Skings e dissimados. A vida era difícil neste planeta inóspito.
             A alimentação também dependia da experiência. Alguns tipos de batata ainda podiam ser cultivados, mas a mandioca era o seu alimento principal. Toda a energia da planta era aproveitada. Na antiga região montanhosa de Nova Lima, podia se encontrar grandes áreas nativas aonde a mandioca se espalhava. Era só arrancar a raiz e preparar as folhas. Sua avó havia lhe ensinado como preparar cada pedaço da planta. Era preciso atenção pois algumas espécies eram venenosas. O bijú feito com a planta era delicioso e podia ser estocado por vários meses. Era justamente este bijú milagroso que Atker desejava saborear tranqüilamente naquele canal.

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